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GEODIVERSIDADE

      Como já foi descrito no site, a biodiversidade da Mata Atlântica é excepcional, mas na mesma situação encontram-se os elementos da geodiversidade do nosso país. Na década de 90, a onda da geodiversidade invadiu o cenário da conservação da natureza, principalmente em função da mobilização científica e política na Europa, que desde então, utiliza este conceito como mais um elemento essencial na valorização das áreas protegidas. Países como os Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Espanha e Portugal, são a vanguarda da geoconservação com políticas específicas sobre o tema (PIMENTA, 2016).


      Desde o advento da Rede Global de Geoparques (Global Geoparks Network), constituída oficialmente em de junho de 2004, a geoconservação fortaleceu o cenário com a proposta de tombamento de áreas que apresentam patrimônio geológico de relevância internacional. Dessa forma, as geociências ganharam maior peso na elaboração de políticas para conservação de elementos excepcionais, raros ou únicos. O conceito de geoconservação, é o atual fio condutor que propõe novos valores para os inventários das áreas protegidas (PIMENTA, 2016)

O QUE É GEODIVERSIDADE?

A geodiversidade é entendida como a variedade de ambientes geológicos, associados a fenômenos e processos geomorfológicos que em conjunto originam e formam o relevo (IUCN, 2006; SHARPLES, 2002; BRILHA, 2005). Os fósseis, rochas, minerais, solos e outros depósitos superficiais fazem parte da história geológica e estão integrados no sistema físico que geram suporte a vida na Terra (BRILHA, 2005; IUCN, 2006).

PATRIMÔNIO GEOLÓGICO

     O conceito de patrimônio geológico e geomorfológico é definido como qualquer ocorrência de natureza geológica, tal como um afloramento rochoso, um depósito peculiar, formas únicas na paisagem, desde que assuma valor documental e/ou monumental que justifique a sua preservação como herança às futuras gerações (GRAY, 2004). Convém destacar que o termo patrimônio geológico engloba o patrimônio paleontológicos, geomorfológico, mineralógico, petrológico, hidrogeológico, entre outros (BRILHA, 2005; CENDRERO, 2000)

GEODIVERSIDADE E PATRIMÔNIO GEOLÓGICO DO PARQUE

       A diversidade geológica do parque é dividida em dois grandes compartimentos: as serras que se desenvolvem sobre o embasamento cristalino do pré-cambriano e a planície costeira composta por depósitos sedimentares de idade quaternária. Seu patrimônio geológico apresenta categorias temáticas de caráter estratigráfico (marinho, eólico, fluvial, lagunar), hidrogeológico, tectônico, geomorfológico, paleoambiental e ígneo. No geral a litologia das serras é formada por granitos, gnaisses e migmatitos. Nas planícies arenosas destacam-se depósitos sedimentares que ocorrem sobre ambientes secos e brejosos, inseridos numa grande zona úmida com características edáficas especiais. Em seu interior encontra-se vinte (20) litotipos que constituem a geodiversidade da Unidade de Conservação.

DOMÍNIO DAS SERRAS DO LESTE CATARINENSE

      Os patrimônios geológicos e geomorfológicos do Parque mais notáveis neste domínio são a Serra do Tabuleiro e a Serra do Cambirela. Essas serras formam as maiores expressões do relevo na região, com altitudes superiores a 1.000 metros. Também formam o principal ecótono da Unidade de Conservação, abrigando as formações vegetais da floresta ombrófila densa, incluindo as matinhas nebulares, a floresta ombrófila mista e os campos de altitude. Ademais, encravado entre as duas serras, encontra-se uma grande falha com afloramentos da Formação Queçaba de idade pré-cambriana, além de extensos leques aluviais na planície quaternária de grande interesse a geoconservação (PIMENTA, 2016). Alguns temas sobre este domínio merecem destaque especial, devendo ser aprofundadas com linhas de estudo, além de serem utilizadas para enriquecer as atividades de educação ambiental realizadas na Unidade de Conservação e no seu entorno (PIMENTA, 2016).

 

Podemos destacar os seguintes temas relacionados ao domínio das Serras, como:

 

- Superfícies de erosão do planalto atlântico: Paleo superfícies da Serra do Tabuleiro e da Serra da Cambirela;

- Vulcanismo Cambirela;

- A história paleoambiental dos Campos de Altitude associada ao registro polínico nas turfeiras;

- Indícios da Neotectônica com anomalias de drenagem;

- Depósitos aluviais e coluviais holocênicos e pleistocênicos no interior dos vales;

- Testemunhos de processos geomorfológicos de grande magnitude como movimentos de massa e inundações bruscas.

Figura 1: Possíveis superfícies de aplainamento.

Figura 1: Possíveis superfícies de aplainamento.

Fonte: PIMENTA, L.H.F (2016).

Figura 2: Perfil com esboço geológico das serras.

Figura 2: Perfil com esboço geológico das serras.

Fonte: Pimenta, L.H. F, 2016

Figura 3: MDT da Serra do Tabuleiro com dados do aerolevantamento do Feições triangulares típico de

Figura 3: MDT da Serra do Tabuleiro com dados do aerolevantamento do Feições triangulares típico de

Fonte: PIMENTA, L.H.F (2016)

DOMÍNIO COSTEIRO

        O domínio costeiro é formado por diferentes depósitos sedimentares, associados a ilhas e promontórios que fazem parte de exposições do embasamento cristalino e que se complementam formando a paisagem costeira. As condições geomorfológicas das áreas costeiras do Parque e do seu entorno, claramente dividem-se em dois setores predominantes: o setor de construção marinha e o setor lagunar. No setor da construção marinha, podemos destacar os cordões arenosos com restingas, banhados e dunas ativas, como as feições predominantes. Já no setor lagunar, encontram-se as restingas arbóreas e complexas lagunar, com seus marismas e um pequeno manguezal (PIMENTA, 2016).
Entre os temas de destaque do domínio costeiro, ressaltam-se:

- Cordões arenosos com a evolução do campo de dunas do Maciambu;
- Planície lagunar com delta gerador da forma de uma lagoa cordiforme (formato de coração);
- O rio da Madre com a formação de meandros e a dinâmica fluvial;
-Praias arenosas, formação de dunas de cavalgamento e dunas parabólicas;
- Promontórios, tombolos e ilhas costeiras.

Figura 4: Planície Costeira do mosaico do parque: área compreendida pelo complexo ecológico desenvolvido sobre a combinação de depósitos marinhos, eólicos, fluviais e lagunares (SRTM + SPOT 5).

Figura 4: Planície Costeira do mosaico do parque: área compreendida pelo complexo ecológico desenvol

Fonte: PIMENTA, L.H.F (2016)

GEOSSÍTIO CORDÕES ARENOSOS DA BAIXADA DO MACIAMBU

Uma das feições geológicas mais espetaculares da planície costeira do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, são os cordões arenosos progradantes da Baixada do Maciambu.  Estes cordões arenosos ocorrem em relevo plano, com altitudes que variam do nível do mar a aproximadamente 5 metros, sendo constituído predominantemente por depósitos marinhos e eólicos, e que formam uma larga barreira de origem marinha com retrabalhamento eólico de aproximadamente 6,5 quilômetros de comprimento. Além da raridade dessa feição geológica, a constituição marinha desta planície, impressiona, em especial, pela  simetria formada pelos aproximadamente sessenta (60) cordões arenosos, dispostos de forma paralela a atual praia da Pinheira, onde as cristas do cordões se formaram a aproximadamente 3.000 anos, com espaçamento variando de 20 a 30 metros, com intervalo de 50 anos de formação entre si (AMIN, 2004; HEIN et al., 2012).

Figura 5: Cordões arenosos da Baixada do Maciambu - Parque Estadual da Serra do Tabuleiro e APA da Baleia Franca. Praia da Pinheira típica praia de enseada com forma de meia lua, limitada pelos promontórios do papagaio e da pinheira

Figura 5: Cordões arenosos da Baixada do Maciambu - Parque Estadual da Serra do Tabuleiro e APA da B

Fotografia: Zé Paiva

TEXTO REDIGIDO POR LUIZ HENRIQUE F. PIMENTA

Referências Bibliográficas

Amin AH Jr. Variações das propriedades granulométricas dos sedimentos da Barreira Costeira da Pinheira (SC) durante a sua progradação no Holoceno: Dissertação de mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil, 2004, 80 pp.

 

Brilha, J. Património Geológico e Geoconservação. A Conservação da Natureza na sua vertente Geológica. Viseu, Palimage Editores, 2005.

 

Cendrero, A. Patrimonio Geológico: diagnóstico, clasificación y valoración. In Jornadas sobre Patrimonio Geológico y Desarrollo Sostenible. Ministerio de Medio Ambiente, Madrid, 2000, p. 23-37.

 

Gray M, 2004. Geodiversity: valuing e conserving abiotic nature. John Wiley and Sons, Chichester, England, 2004, 434 p.   

 

Hein,C. J. 1, Cleary, D. M. W. J.; Albernaz, M. B. ,2, Menezes J. T.; Klein, A. H. F. Evidence for a transgressive barrier within a regressive strandplain system: Implications for complex coastal response to environmental change. The journal of international association sedimentologists. doi: 10.1111/j.1365-3091.2012.01348.x, 2012.

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